A palavra “yoga”, procede da raiz sânscrita “yuj”, que significa juntar, unir, atar, jungir. Originalmente a palavra “yoga” significa uso, utilização. De onde vem o conceito de direcionar e concentrar a atenção a fim de utilizá-la para meditação. Utilização dos princípios básicos da natureza primordial “Prakriti”, para que através da prática do yoga se alcance a natureza divina de “Púrusha”. O yoga é a arte que leva a mente incoerente e dispersa a um estado reflexivo e coerente. É a união da alma humana com a Divindade.
O homem recebeu como legado da natureza as três qualidades ou gunas que são: sattva , o estado de claridade ou iluminação, rajas, a ação ou movimento e tamas, a inércia que tem como princípio a roda do tempo , kálachakra ( kála - tempo, chakra - roda) que gira em torno da existência – kulálachakra,em que o homem é modelado e remodelado de acordo com a ordem predominante destas características fundamentais do entrelaçamento dos gunas.
Ninguém conhece o “Uno Absoluto”, primordial e intemporal, nem tampouco quando o mundo começou a existir. Tudo o que se sabe até hoje, são teorias e fundamentações da criação do mundo. Deus e a natureza existiam antes que aparecesse o homem na terra e à medida que o homem evoluiu começou a realizar suas próprias potencialidades. Assim que cada homem interpreta a existência do Universo e a noção de Deus, de acordo com sua própria compreensão. A partir daí o homem se deu conta que se separou de Deus e da Natureza e passou a ser presa das polaridades da existência: o prazer e a dor, o bem e o mal, a virtude e o vício, o amor e o ódio, moral e imoral, o permanente e o impermanente. Surgiu a partir daí o conceito de Dharma - a ciência do dever. Segundo o Dr. S.Radhakrishnan, “Dharma é o que sustenta, apóia e mantém”, guiando a humanidade a viver uma vida superior sem considerações de raça, casta, classe ou fé.
Os sábios indianos, em busca da luz, encontraram nos Vedas, nas Upanishads e nos Dárshanas o caminho da realização espiritual. Partindo dos Dárshanas - os seis pontos de vista dos Vedas ou escolas, podemos elucidar: Sámkhya e Yoga, Nyáya e Vaísheshika, Púrva Mímánsa e Uttara Mímánsa.
Segundo o Sámkhya a criação é fruto dos vinte e cinco elemntos essenciais ou princípios – tattvas, mas não reconhece o Criador – Ishvara. O Yoga reconhece o Ishvara. O Nyáya tem como princípio, a lógica e ocupa-se principalmente com as leis do pensamento lógico apoiando-se na razão e na analogia e aceita Deus como resultado desta infererência. Vaisheshika, tem como princípio as noções de espaço e tempo, a causa e a matéria, complementando o pensamento do Nyáya. Mimánsa consta de duas escolas: Púrva Mimansa, que tem como princípio o conceito generalizado da Divindade, dando importância à ação (karma) e aos ritos e Uttara Mimansa, que aceita a Deus sobre a visão dos Vedas com especial ênfase no conhecimento espiritual (jñana).
Yoga é a união do “Si mesmo individual” – jivátman com o “Si mesmo Universal” Paramátman. A filosofia Sámkhya é teórica, enquanto o Yoga é a parte prática desta teoria. O conhecimento sem ação, e a ação sem conhecimento, não tem resultado. Estes dois pontos de vista dos Vedas precisam estar sempre juntos.
Segundo o Yoga, Yájñavalkya Smriti, o Criador – Brahman, sob a forma de Hiranyagarbha – O fetoDourado, foi na sua origem o difusor do yoga como sistema para a saúde do corpo, o controle da mente e a busca pela paz. Este sistema foi compilado e assim escrito por Patañjali no seu Yoga Sútraou aforismo do Yoga. O Yoga Sútra trata das diretrizes que revelam os meios e o fim, na combinação da prática das oito disciplinas do yoga, o praticante- yogi ou yogin, experimenta a união com oCriador, perdendo a sua identidade de corpo, mente e Si mesmo. Isto é Samyama que representa a integração do yoga.
O homem é dotado de mente (manas), intelecto (buddhi) e ego (ahamkara) , denominados coletivamente de “consciência” – chitta, a qual é fonte do pensamento, entendimento e ação. É esta consciência que experimenta: avidyá - a ignorância, asmitá – o egoísmo ou ego, rága – o apego,dvesa – a aversão e abhinivesha – apego a vida ou medo da morte. Esta cinco fonte colocan chitta em cinco estados diferentes a saber: múdha- embotado, ksipta - oscilante, viksipta - parcialmente estável,ekágrata –atenção unifocada e nirudhah – controlado. Chitta, como fogo, se vê ligada aos desejos (vásanas), sem o qual o fogo de extingue.
Patañjali desenvolveu oito passos, como via de realização. Chitta no estado de embotamento se purifica através de yama, niyama, ásana e pránáyáma como atividades da mente. Ásana epránáyama levam a mente oscilante a um estado de estabilidade. As disciplinas de pránáyama epratyáhára, fazem a mente ficar atenta e focaliza a energia. A partir daí a mente é controlada por dhárana, dhyana e samádhi. À medida que há progresso nesta disciplina, passa a predominar os estados superiores de yoga.
Os oito angas (partes) da prática completa de yoga codificada por Patañjali, (Yoga Sútra II.29) são:
1º anga - Yama: preceito ético social. São 5 a saber: ahimsa ( não violência) – satya (verdade) –asteya (não roubar ou apropriar-se do que não é seu) – brahmacharya ( não desvirtuar a sexualidade) –aparigraha ( não cobiçar)
2º anga - Niyama: preceito ético individual. São 5 a saber: saucha (pureza) –santosha (contentamento) –tapah (esforço sobre si mesmo) – svadhyaya (auto conhecimento) – ishvarapranidhanani (entrega ao Absoluto)
3º anga - Ásana; posição física estável e confortável
4º anga-Pránáyáma: expansão da energia através de exercícios respiratórios
5º anga-Pratyahara: supressão ou recolhimento dos sentidos
6º anga-Dhárana: concentração
7º anga-Dhyana; meditação
8º anga-Samádhi: estados mais profundos de consciência
Até aqui temos o caminho para a realização do Yoga e samádhi, os estados mais profundos de consciência.
Porém, a meta final do Yoga encontra-se no Páda IV- Kaivalyan – a libertação.
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